22.7.15

Ganhar asas depois dos vinte e um

já tinha dito aqui e aqui que este ano a minha vida vai dar uma volta. o meu inverno vai começar numa cidade da europa onde, segundo um site qualquer, as temperaturas devem variar entre os menos cinco e os três graus na altura em que vou lá estar e onde a probabilidade de haver sol é de cinco por cento. por um lado estou aqui a dar saltinhos de contente a imaginar a sensação de acordar, ir à janela e estar tudo branco lá fora. por outro, estou a modos de que a panicar a tentar imaginar o que raio são cinco graus negativos. eu, que sou uma friorenta do pior e que com sete graus já acho que nem toda a roupa do mundo tem o poder de me manter quente. já para não falar de que, ainda sobre o cenário-branco-todo-giro, imagino-me a pôr um pé fora de casa e a escorregar logo ali, só para começar bem o dia. não há de ser nada. confesso que uma das coisas que me tem deixado mais pensativa nestes últimos dias é mesmo o facto de a minha mãe não ir estar lá para me alimentar. ah pois. gosto de pensar na possibilidade de ir perder aqueles quilinhos que me chateiam porque vou ter preguiça para cozinhar, mas todos sabemos que o que vai realmente acontecer é que vou passar os meus dias a comer bolachas. ainda assim, e na esperança de até novembro conseguir aprender os básicos mais um da cozinha e ver se passo a cozinhar mais coisas para além da tão famosa massa com tralha à la manganet, douradinhos com puré de batata instantâneo e ovos estrelados (ovos mexidos dá-me a volta ao estômago e não sei fazer omeletes, por isso até nos ovos estou limitada), tenho passado algum tempo na cozinha com a minha mãe. e com passar algum tempo na cozinha com a minha mãe refiro-me à situação de ela cozinha e eu fico a olhar, pode ser que se transmita por osmose. já comecei a fazer a lista das coisas que vou precisar de levar. vou estar limitada a uma mala de porão (aka uma mala das grandes)*, uma mala de cabine (aka uma mala das pequeninas que as pessoas costumam usar para um fim de semana mas que eu, com todos os meus dotes de packing, consigo pôr lá coisas para três semanas**) e uma mochila. e já comecei a fazer a lista porque isto vai ser uma aventura sem rede. quer dizer, não é como se eu pudesse voltar atrás se chegar lá e vir que me esqueci de metade das coisas não é? então agora sempre que me lembro ah, devia levar isto, vou a correr à lista e acrescento. de uma forma muito simples, a minha lista resume-se a: toda a roupa, todas as coisas que se usam no banho e na casa de banho em geral, post its, marcadores giotto, nestum e puré de batata instantâneo. já podem ver que estou preparada para qualquer eventualidade, certo?
para além disto tudo, e se esperar pelo resultado da entrevista já foi doloroso, nem falo da espera pelo meu destino futuro. ok, já sei onde vai começar o meu inverno, mas não sei onde é que vai acabar. e só vou saber quando eles quiserem que eu saiba. e esta incerteza está a dar cabo de mim. saber que vou mas não saber para onde. o meu coração é fraco e há dias em que nem criminal minds me consegue distrair.
para ajudar a passar o tempo, tenho feito algumas pesquisas super produtivas, nomeadamente imagens de casas que não vou ter. seguem-se alguns exemplos.














e isto da casa é um assunto que me deixa também no limbo entre o oh meu deus que fixe a minha primeira casa mal posso esperar, vou ser a rainha daquilo tudo e poder arrumar coisas com a minha poc em todo o lado e entre o o pânico, o drama, o horror, o medo, quero a minha mããããããe.
então, instalei uma daquelas apps todas pipis de countdown e pus o dia em que tudo vai começar oficialmente. faltam cento e cinco dias. três meses e treze dias. e até lá tenho de sobreviver à tão dolorosa espera, ler um manual com quase trezentas páginas*** e aprender a passar camisas a ferro.

* yay vou poder voltar a usar a minha mala azul fluorescente da benetton que me custou os olhos da cara e que só usei uma vez porque nunca viajo com bagagem de porão e então foi assim o maior desperdício de dinheiro da minha vida, mas eu era uma criança imberbe e a mala era linda de morrer.

** no verão! porque no verão as coisas são fininhas e cabe muito.

*** não são quase trezentas, são duzentas e muitas mas já não me lembro do número exato.

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