23.2.13

Perguntem-me pelos meus poemas preferidos que eu logo vos respondo

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Álvaro de Campos, in "Poemas"

2 comentários:

  1. Le meu:

    (sei de cor, mas não o vou escrever com receio de cometer erros. portanto, let me copy past it)

    O Luar:

    O luar quando bate na relva
    Não sei que cousa me lembra...
    Lembra-me a voz da criada velha
    Contando-me contos de fadas.
    E de como Nossa Senhora vestida de mendiga
    Andava à noite nas estradas
    Socorrendo as crianças maltratadas ...
    Se eu já não posso crer que isso é verdade,
    Para que bate o luar na relva?

    Alberto Caeiro

    ResponderEliminar
  2. Analisei este poema na aula de português o ano passado :D

    ResponderEliminar