22.2.13

#14 letter to someone you've drifted away from

D.,

há sensivelmente um ano atrás, um pouco menos, a maioria das minhas publicações eram sobre ti. Ninguém sabe, só eu. Era tudo sobre ti: as coisas que dizias, as coisas que eu te dizia, as coisas que fazíamos, a forma como me fazias sentir, como tínhamos uma coisa que eu nunca tinha tido com ninguém. Já não me lembrava que tinha escrito tanto sobre ti, de uma maneira ou de outra. E agora, quase um ano depois, ao ler tudo aquilo dou por mim a pensar o que é que tu tinhas de especial para me afetares tanto?. Que as coisas são capazes de mudar radicalmente no espaço de um ano, já todos sabemos, já todos o comprovamos pelo menos uma vez. Mas as coisas contigo são diferentes. Sempre foram. Nós nem sequer sabemos ser de outra forma. E se calhar foi por isso que aqui chegámos. Nunca fomos aqueles amigos que, efetivamente, falam sobre as coisas, pois não? Não me lembro de uma única conversa, uma conversa a sério, que tenha tido contigo. Nós nunca fomos de conversar. Pelo menos não um com o outro. Nós eramos diferentes. Eramos o impossível um do outro. E era essa a piada de nos darmos, certo? Mas as coisas mudaram. Afastámo-nos. E depois aproximámo-nos outra vez. E estivemos mais perto que nunca. E afastámo-nos. E aproximámo-nos outra vez, mas já não tanto. Gosto de pensar que de vez em quando precisamos de tirar férias um do outro. Mas agora afastámo-nos outra vez. Nem foi agora. Mas eu não sei quando foi. E a questão é essa, agora as coisas estão diferentes. Eu não sinto a tua falta. Não sinto aquela necessidade quase sufocante de falar contigo, apesar de nós não conversarmos. Não sinto vontade de pensar em ti. Aliás, confesso que esta foi a única vez que pensei em ti nas últimas semanas. As coisas mudaram. Ficámos bem um com o outro, não podíamos ter ficado melhor. E pode ser que um dia voltemos a sentir necessidade de voltar um para o outro. Mas eu não me lembro da última vez que falámos. E é essa a diferença entre o antes e o agora: antes, eu não conseguia evitar contar há quantos dias não falavamos e agora... agora, não faço ideia sequer quando isso foi, quanto mais quanto tempo passou. Podem ter sido duas semanas ou um mês. O tempo tem passado rápido sem ti. E eu sei que tu estás bem agora. Espero sinceramente que estejas bem agora. E que nunca tenhas parado, nem por um minuto, de lutar pelo que acreditas. Porque sabes, nós podíamos não conversar, mas sabemos tanto um sobre o outro. Tu és um mundo com mundos por dentro. Coisas que nunca descobriríamos se tivessemos, de facto, conversado. O que tivemos os dois, nunca tivemos com mais ninguém. E vamos lembrar-nos sempre um do outro por isso. Pelo que fomos. E talvez pelo que voltaremos a ser. Mas, até lá, vais ter sempre um lugar especial em mim e eu vou sempre sorrir quando pensar em ti.

1 comentário:

  1. So sad.

    Mas uma bonita história. Identifico-me muito com a primeira. Parte.. e em parte com o final.. Já tive algo assim e espero sinceramente ainda ter.. porque no meu caso eu não quero, não aceito nem cruzo os braços perante um ponto final. Algo assim é demasiado especial para se deixar escapar. Eu ainda sinto a falta dessa pessoa.. E cada dia, cada segundo longe dele é como uma faca a cravar-se no meu peito. Quando estava perto dele.. Não conseguia respirar.. Mas é, agora, estando longe, que verdadeiramente aprendi o que é faltar-me o ar.

    bjinhos*

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