29.5.12

Ter estilo é

deixar, como sempre, o estudo para a véspera. Concluir, já no prolongamento do dia para a noite e da noite para a madrugada, que já devia ter começado há mais tempo e que estudar na véspera não dá com nada. Com os olhos já a fecharem-se e ainda todo um capítulo para estudar, decidir ler apenas as palavras escritas a negrito que, obviamente, não fazem qualquer sentido por si só. Chegar ao teste, logo de manhãzinha, no dia seguinte e desejar que as repostas longas não sejam sobre o tal capítulo. Virar o enunciado do teste para a última folha cheia de confiança e constatar que, invariavelmente, as respostas longas são sobre o tal capítulo. Insultar quarenta e oito vezes o professor por ter escolhido isso para a resposta longa e insultar-me a mim mesma sessenta e duas vezes por só ter lido as palavras a negrito e por só me lembrar de uma. Começar a escrever a resposta, baseada puramente na imaginação momentânea. Afinal, quais são os fatores que influenciam as relações sociais? E está Manganet a pensar. A pensar e a inventar. A inventar e a escrever. Foi toda uma teoria psicológica acabadinha de sair do forno, diretamente para o teste, onde foi estreada e apresentada pela primeira vez. Ter estilo é, nos trinta pontos possíveis, ter atingido os vinte e oito.

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