28.12.11

Não acredito no para sempre ao fim de duas semanas, um mês, dois, um ano, o que seja. Não acredito nas promessas eternas depois um sucesso. Não acredito no tudo depois do apenas algo mais. Sim, não acredito nestas coisas e esse é provavelmente um dos meus maiores problemas. Não acredito. E chateia-me as pessoas que acreditam, chateia mesmo. Ah mas sim, já acreditei. Oh, se já acreditei. Agora? Agora acredito em tentativa e erro. Tentativa e erro. Tentativa e erro. Demasiados erros? Prefiro ver que foram demasiadas tentativas. Mas sim, tens toda a razão, foram demasiadas tentativas. E comigo é sempre tudo assim não é? É sempre tudo de mais, demasiado, em excesso. Não sei ser de outra maneira. Não sei ficar-me pela metade. Não gosto de segredos, sinto as coisas intensamente. Comigo as mensagens a dizer olá de manhã nunca são só uma mensagem a dizer olá, de manhã. São um olá, acordei a pensar em ti. Comigo é sempre mais. Não necessariamente melhor, confesso, mas mais. Eu lembro-me de tudo. Como poderia não me lembrar? Posso não me lembrar dos dias, nem sequer dos meses, ou o que aconteceu primeiro e o que aconteceu depois. Há até alturas em que foi tudo demasiado confuso. Estava nevoeiro. Mas sim, lembro-me de tudo. Lembro-me de todas as vezes que lhe disse nunca me deixes, mas também me lembro do dia em que o deixei ir. Foi das coisas mais inúteis que já disse. Nunca me deixes. Para quê? Iria acabar por acontecer, já sabíamos. Só serviu para adiantar o momento. E sim, a culpa foi minha. Vivi demasiado intensamente. Vivi-nos demasiado intensamente. Nunca te culpei por nada do que aconteceu, mesmo que por vezes o diga. Mas o tempo passa e as coisas mudam. Já não sou capaz de te falar novamente, e podes chamar-me o que quiseres. Construí demasiados muros e não tenho interesse em derrubá-los. Fizeram de mim o que sou. Ou eu projetei neles o que seria. Seja. Mas lembro-me de tudo. Lembro-me quando ela me disse aquilo, logo a seguir à conversa dos passarinhos e dos presentes. Aquela frase que terminava com um ponto final. Sempre o disse, não gosto de frases que acabam com um ponto final. E mentia se dissesse que consigo recordá-lo sem qualquer tipo de emoção. É, não consigo. Mas também não gosto de ficar sentada à espera que as coisas aconteçam. Sim, não combina comigo, embora por vezes goste de pensar que sim e até me deixe levar por isso. E na maior parte das vezes é isso que acontece, tenho que admitir.

3 comentários:

  1. Portanto e a nossa conversa? A mim parece-me algo amoroso!

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  2. eu infelizmente lembro-me de muitas coisas!

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  3. Revi-me neste texto... daquelas coisas que podia ter sido eu a escrever! Gostei muito

    Beijinhos***

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