2.6.15

Em jeito de 'querido diário'

vim a londres fazer uma entrevista de emprego. a minha primeira entrevista de emprego ever. não correu bem. ou melhor, correu bem mas não passei à fase seguinte. à hora de almoço fui transportada para uma sala com uma mesa redonda no centro e menos cadeiras do que as pessoas que me acompanhavam e ouvi um i'm sorry but i'll have to inform you that your journey ends here. for now. respirei fundo - assim beeeeem fundo - e fui uma menina crescida e não chorei. a verdade é que vontade não me faltou e bem que me apetecia desfazer-me ali em lágrimas e amuar e bater com o pé e dizer não, não me mandem embora porque eu quero mesmo isto!. mas depois lembrei-me que nem sempre podemos ter o que queremos. que o que queremos nem sempre pode ser para agora e que às vezes temos simplesmente de reconhecer que, se calhar, aquele não foi o nosso dia, não era suposto ter corrido bem. não era suposto eu ter arrasado com aquilo tudo e ter sido selecionada. for now, como disse a senhora da mensagem dolorosa. este tipo de situações fazem-nos perceber o quanto queremos - ou não - realmente uma coisa. ouvir um 'não' é difícil e pensar na possibilidade de ouvir outro e outro e outro é uma daquelas coisas que nos dá a volta ao estômago. aqueles pensamentos derrotistas do e se nunca ninguém tiver um sim para me oferecer?. quantos nãos está uma pessoa disposta a ouvir? quantos nãos formam a tua intensidade do querer uma coisa? quantos vais aguentar?
a verdade é que vim a londres fazer uma entrevista de emprego. a minha primeira entrevista de emprego ever. e foi uma das melhores coisas que já alguma vez fiz. mais do que pôr um pé fora da bolha da zona de conforto, foi rebentar com a bolha toda. ir a sítios onde nunca tinha estado, falar com pessoas com quem nunca tinha falado. aprender (continuar a aprender) a desenrascar-me sozinha. a não ter vergonha de pedir às pessoas para repetirem o que disseram porque não percebi. não ter vergonha de perguntar o caminho. não ter vergonha de estar ali, de lutar por aquilo que quero. arriscar e perder. e ter vontade de passar por tudo outra vez. saber que há em mim, apesar de todos os medos e de todas as inseguranças e todos os pensamentos potencialmente derrotistas, vontade para passar por tudo outra vez. voltar a arriscar ouvir outro não. afinal de contas, enquanto tivermos a certeza que estamos a dar o nosso melhor por aquilo que queremos, nada de mal pode advir daí. o resto são pormenores e a piada está no tentar.

2 comentários:

  1. Passei por uma situação semelhante há pouco tempo (com a diferença que tanto a entrevista como o 'não' foram por telefone), ler o teu post foi um bocadinho como ler os meus próprios pensamentos.
    Muita sorte!

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  2. Obrigada e boa sorte para ti também :)

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