27.5.14

Dos dias

não sei se é deste inverno que se faz sentir na altura errada no ano [embora já quase não possa usar esta desculpa, até o tempo me dá a volta, decidiu começar a mudar antes que eu o pudesse usar como desculpa] ou se é da chuva que me tem caído cá dentro. essa chuva que cai, leva com ela tudo o que já fomos. não sei se é essa a chuva que começa a transbordar e se transforma em lágrimas em cima da almofada, quando o mundo lá fora se cala e não se ouve nada para além do silêncio. não sei ao certo o que nos aconteceu nem onde foi que ficámos. se soubesse, ia lá buscar-nos. mas perdemo-nos por aí. e eu já devia saber, já devia estar habituada. volta e meia as pessoas perdem-se, é assim a vida. não deixo de me sentir ingénua quando me lembro que pensava [e acreditava cegamente] nisso até há meia dúzia de semanas. um mês? dois meses? quando foi que nos perdemos por aí? quando foi que vos deixei de ter? lembro-me das palavras que escrevi naquele trabalho. os acontecimentos que mudaram a minha vida e me fizeram ser como sou. demasiado vago. mas na altura achei que era a coisa certa a escrever. tenho resistido à tentação de ir ler o que escrevi há nem assim tanto tempo. tenho resistido à tentação de pensar no que fomos. mas então a chuva transforma-se em lágrimas e as memórias, ainda demasiado recentes, devoram-me em catadupla. onde foi que nos perdemos?

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