1.12.12

Quando o dia entardeceu e o teu corpo tocou num recanto do meu, uma dança acordou e o sol apareceu. De gigante ficou, num instante apagou o sereno do céu e a calma a aguardar lugar em mim, o desejo a contar segundo o fim. Foi num ar que te deu e o teu canto mudou e o teu corpo no meu uma trança arrancou e o sangue arrefeceu e o meu pé aterrou, minha voz sussurrou, o meu sonho morreu. Dá-me o mar, o meu rio, minha calçada. Dá-me o quarto vazio da minha casa. Vou deixar-te no fio da tua fala. Sobre a pele que há em mim tu não sabes nada. Quando o amor se acabou e o meu corpo esqueceu o caminho onde andou nos recantos do teu e o luar se apagou e a noite emudeceu, o frio fundo do céu foi descendo, e ficou. Mas a mágoa não mora mais em mim. Já passou, desgastei. Para lá do fim é preciso partir. É o preço do amor para voltar a viver. Já nem sinto o sabor a suor e pavor do teu colo a ferver, do teu sangue de flor. Já não quero saber. Dá-me o mar, o meu rio, a minha estrada. O meu barco vazio na madrugada. Vou deixar-te no frio da tua fala. Na vertigem da voz quando, enfim, se cala.

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