Depois não digas que não tentei

Deu-me para pintar as unhas (por cima do verniz vermelho que tinha) com um verniz branco que coitadinho está no fim e está todo seco (já nem tinha direito a estar dentro da caixinha com os outros) assim mesmo à descasca. E depois (não perguntem porquê) pus fita-cola por cima... e isto para dizer que enquanto fazia este bonito serviço (que vai ser bem difícil de limpar) pensei em ti. Pensei no que tu eras pelo menos. Ou então no que eu achava que tu eras. Porque sinceramente eu achava que te conhecia. E dei por mim a pensar "será que te lembras?"... Até podias falar disso com alguém, mas não acredito que o faças. Porque também não acredito que tenhas amigos. E custa-me pensar isso. Porque nós fomos amigos. Eu pelo menos fui tua amiga. Tu não foste um amigo muito bom de se ter, não... E, por isso, será que te lembras? Será que te lembras quando eu te fazia rir quando estavas triste? Será que te lembras de ter estado contigo quando mais ninguém esteve, naquele dia, à tarde? Será que te lembras das mensagens que te enviava a dizer que gostava de ti? Uma coisa digo-te: não me vou esquecer, mas não é disto. Não me vou esquecer daquele dia em que te disse ''preciso de ti'' e tu disseste ''não tenho de aturar os teus dramas''. Não, não me vou esquecer. Não me vou esquecer quando chorei à tua frente e tu me viraste as costas. Não me vou esquecer quando caí das escadas e me magoei a sério e tu riste-te na minha cara. Não me vou esquecer de teres dito ''primeiro eu, depois os outros''. Não me vou esquecer do quanto chorei por ti. Mas sobretudo não me vou esquecer quando disseste ''não preciso de ti''. E um dia disseste-me que eu não tinha amigos. E eu pensei nisso, a sério que pensei. E sim, se calhar até tinhas razão. Perdi demasiada força e energia a lutar pela nossa amizade. E pelos vistos só eu é que me cansei. Porque nem quando viste que estava a acabar tudo foste capaz de dizer que gostavas de mim. Porque dizias que essas coisas não se dizem, mostram-se. Mas tu também nunca me mostraste. Lamento. Mas sabes que mais? Posso ter muitos defeitos e posso ser pior que tu em muita coisa, mas há uma que sou melhor, e não tenho de to provar, mas digo-te: eu consegui ''mudar''. Consegui conhecer pessoas novas e consegui que gostassem de mim. E acredita que nessa ''mudança'' eu não mudei. E saberias isso se ainda nos falássemos. Mas não falamos. Porque não há palavras que possam recuperar o que perdemos. E também não sinto a falta de nada. E cheira-me que tu também não sentes. Agora, ainda pensas que não tenho amigos? Se ainda nos falássemos, poderíamos falar sobre quem é que não tem amigos. Mas também não valeria a pena. Tu não mudas. Mesmo depois de tudo o que eu te disse. E já agora, também não me vou esquecer de quando te disse ''se continuas assim eu vou-me fartar de te aturar e não sei se mais alguém te irá aturar'' e tu respondeste ''tu não te vais fartar''. Bem, parece que fartei. Sabes, se encheres muito um balão, ele rebenta...
E escrevi isto tudo para ti, apesar de não me significares absolutamente nada agora. Escrevi isto para ti porque não me vou esquecer que, em tempos, fomos amigos. Depois não digas que não tentei.

O mesmo de sempre

PS: tenho de agradecer, sobretudo ao melhor amigo, por um dia ter aparecido na minha vida e ter tapado o buraco que tu lá deixaste. E acredita, era enorme. Obrigada por teres aparecido, mas, acima de tudo, obrigada por teres ficado.