setembro 2021
o post abaixo foi a última entrada do meu documento do coração partido. a última entrada foi, caso não tenha sido claro, escrita para outra pessoa. já não me lembrava que tinha sido assim que o documento tinha terminado, mas lembrava-me perfeitamente da história: tinha acabado de me mudar para um país novo, o meu primeiro namorado e eu tínhamos decido acabar com a relação porque ele não queria sair de portugal. e, como qualquer bom primeiro amor, foi o fim do mundo. estilhaçou-me o coração em mil pedaços. demorei meses a recuperar. conheci outra pessoa. passámos uma semana juntos num hotel na noruega enquanto trabalhávamos. o frio que estava na rua era só mais uma desculpa para juntarmos os edredons. ele ajudou-me a perceber que o fim do mundo não precisava de ser necessariamente o fim do mundo. fui ficando melhor. aprendi que amores há muitos. mas, claro, deixei-me ir por algo que parecia ser mais do que era na realidade. e o coração partiu outra vez.
este documento que aqui partilhei com vocês é a história que nunca vos contei. a história de como fiquei com o coração partido antes mesmo que ter acabado de colar todas as peças de volta. a história de como o que já pequeno era, mais pequeno ficou. a história de como as lágrimas que eram tão fortes, demoraram ainda mais tempo a secar. a história de como um amor substitui sempre o anterior, façamos o que façamos, mas como isso nem sempre é uma coisa positiva.
na altura, esta história derrubou-me. mandou-me ao chão. uma e outra vez. demorei mais de um ano a ultrapassar. achei que nunca ia conseguir parar de chorar. achei que nunca ia parar de doer. achei que nunca ia parar de sentir a falta dele, um deles, dos dois.
mas quatro anos depois, olho para esta história e sorrio com carinho. eramos novos. ainda somos, mas eramos mais. o primeiro amor é suposto ser trágico. se não for trágico, se não te destruir, aprendeste realmente o que querias? o que não querias? tornaste-te na pessoa que querias ser por ti e para ti? ou andas a viver na ilusão doutra pessoa? o primeiro amor é suposto ser trágico. no meu caso, também o foi o meu segundo amor. mas o meu segundo amor nunca foi meu. não era amor. não sei o que era, mas ao estilo duma das melhores rúbricas deste blogue, o amor é outra coisa. mas foi o que ajudou a perceber que amores há muitos. a pesoa certa não é só uma pessoa. existem várias pessoas certas. existem diferentes pessoas certas para cada momento das nossas vidas. amores existem muitos, e ainda bem.
às vezes confrontamo-nos com aquelas perguntas parvas do se pudesses voltar atrás, mudavamos alguma coisa? - não sei o que mudava, provavelmente conseguiria pensar numas quantas coisas, mas esta não era uma delas. os amores. o coração partido. a confiança. a auto-descoberta. as borboletas na barriga. amores há muitos e posso ter passado por uns quantos amores que não foram o amor certo. mas foram certos na altura. e guardo-os com carinho. por me terem feito chegar onde estou hoje. vão sempre fazer parte da minha história. amores existem muitos, e ainda bem.